Como transformar sua paixão em renda: dicas para monetizar sua carreira musical


Viver de música nem sempre é possível para todos e se torna ainda mais difícil para aqueles que estão em início de carreira tentando fazer com que o sonho vire realidade. E nessa tentativa boa parte das pessoas se divide tendo um outro emprego para se manter enquanto não é possível colher os frutos com suas obras. Na maioria das vezes trabalham em setores que não tem nenhuma ligação com a música, o que pode ser bem desanimador para alguns. Mas será que realmente não tem alternativas para se viver de música no Brasil?

Não estou dizendo que seja fácil e nem que vai dar certo para qualquer um, não temos o incentivo necessário para que todos possam viver de suas carreiras artísticas. Eu optei por viver de música atrás dos palcos, mas durante o período que tive minha banda e vendo de perto carreiras de outros artistas, vi que é possível viver de música. Claro, em diferentes proporções e é essencial que você entenda isso. 

Viver de música não quer dizer necessariamente que você se tornará uma estrela milionária e terá seu sucesso nacional, mas sim, é possível ganhar sua renda a partir da música. E talvez a partir desse momento em que você conseguir se dedicar somente a sua arte, sem outras preocupações, pode ser que mais portas se abram para você. 

Esse artigo não traz nenhuma fórmula secreta de como viver de música, até porque, se existisse eu já estaria rico e você não precisaria buscar sobre esse assunto. O que pretendo é apresentar algumas soluções que juntas podem te ajudar a compor uma renda para se dedicar exclusivamente a sua arte. Agora vamos para a parte mais importante. Segue a lista com 10 maneiras de monetizar a sua carreira musical.

1 - Shows e apresentações

Começando pelo óbvio e talvez a principal fonte de renda para a maioria dos artistas atualmente, os shows. Sejam eles em casas de show ou em bares, existe sempre um espaço disposto a ter música ao vivo para atrair o público. Nem sempre os cachês são bons, ainda mais se você se apresentar com mais pessoas. Me usando de exemplo, em 2013 eu e minha banda tocávamos em uma adega no nosso bairro. Cachê fixo de R$ 300 + taxa de couvert por pessoa. Pra dividir para 5 pessoas nem valia a pena, mas era o dinheiro que usávamos para pagar nossos ensaios, transporte ou juntávamos para adquirir algum equipamento. 

Se apresentar na noite é um bom começo para ter uma renda recorrente na música e ganhar experiência com público para depois conseguir chegar em palcos maiores. Pense se você fosse residente em diferentes bares ou restaurantes de quinta à domingo toda semana. Se tiver vergonha de se vender para as casas, arrume um amigo cara de pau que ele te ajuda a resolver esse problema. Falando nisso, não tenha vergonha de pedir ajuda dos amigos para te darem algum suporte na carreira. Sempre tem aquele que pode te ajudar com vídeo e foto do show, flyer para divulgação, mas isso é tema para outra conversa. 

Não fique dentro da caixa, tenha seu objetivo claro, mas fique aberto a outras possibilidades como se apresentar em lugares públicos como praças, metrô ou trem. Não feche a porta para a possibilidade de se apresentar em festas de casamento, aniversário ou até mesmo eventos corporativos. Falo isso pois já desperdicei algumas oportunidades por querer viver somente do autoral, o que nem sempre vai te permitir ter um retorno imediato. 

Aí você pode estar falando que é muito difícil, que já sabe disso e nunca conseguiu fazer um show remunerado ou até de graça. Primeiramente não desanime, tudo na vida tem um começo, às vezes precisamos fazer algo sem envolver ganhos com o intuito de divulgarmos a nossa carreira e no meu caso isso sempre gerou um retorno de alguma forma. Shows em eventos nem sempre irão pagar para os iniciantes por exemplo, mas analise com calma, pois a partir dali você pode ter um retorno de imagem, contato com outros artistas que podem te ajudar a conseguir mais shows e até mesmo conhecer algum organizador de outro evento. 

2 - Merchandising

Seguindo o pensamento de shows, uma coisa que podemos atrelar é a venda de produtos da banda/artista. É claro que para realmente ser algo lucrativo você precisa ter pelo menos alguns poucos fãs que já te acompanhem nas redes, escutem suas músicas e que gostem de ir aos shows. Você pode vender de camisas a NFTs, ter uma barraquinha no dia do show, uma loja virtual ou apenas pelas redes sociais. 

Tudo depende do momento em que sua carreira está, se existe demanda, o estudo dos produtos que as pessoas mais consomem, entre outras coisas. Não avance para esse passo sem ter a certeza do retorno, cada centavo importa no investimento para sua carreira. Isso também não significa que apenas grandes artistas lucram com merchan, mas que o planejamento deve estar bem feito e deve ser usado como parte de uma estratégia. 

3 - Crowdfunding ou vaquinha

Nesse terceiro tópico eu tenho propriedade para falar como pessoa que apoia e arrecada. Já fiz diversas doações através de crowdfunding e não somente para a música. Existem diversos sites para essa modalidade, mas o que eu mais participei de campanhas foi o Catarse. Resumidamente a pessoa estipula uma meta financeira para o projeto e explica como pretende usar o dinheiro que será arrecadado. Para estimular o público algumas contrapartidas são oferecidas de acordo com cada valor, por exemplo, um ingresso para o show de lançamento. Se vocês tiverem interesse, depois posso fazer um artigo com o passo a passo para criar e divulgar um projeto de crowdfunding. 

Uma outra solução que já utilizei foi rifar alguma coisa entre amigos e familiares para conseguirmos gravar a nossa primeira música. Na época precisávamos de R$ 1.000 para o single e só conseguimos arrecadar R$ 500, mas o estúdio aceitou gravar pela parceria que tínhamos. Quando você não tem dinheiro, conte com sua rede de apoio, mas lembre-se de sempre recompensá-los para não virar um aproveitador e eles sentirem que realmente estão contribuindo para que o seu sonho aconteça.  

4 - Streaming

Herói ou vilão para alguns, o streaming de música começou a se popularizar após uma crise no mercado por conta da pirataria, com o advento da internet, as pessoas passaram a ter o hábito de baixar músicas (de maneira ilegal) para reproduzirem em seus computadores ou aparelhos de mp3, por exemplo. Com isso, a venda de CDs teve uma queda brusca, o que significou um rombo de bilhões de dólares e um colapso nas gravadoras e no mercado. 

Foi então que os streamings apareceram como a bala de prata para salvar o mercado. Mas não foi uma salvação no nível financeiro a que estávamos acostumados, o que gera até hoje muitas discussões sobre a monetização oferecida por essas plataformas, mas temos que combinar que é melhor do que não receber nada. Por mais que ainda não seja o mundo ideal, foi um caminho que possibilitou abrir mais portas e ajudar no processo de democratização do mercado musical, eu por exemplo, já encontrei muitos novos artistas através das playlists dessas plataformas. 

Sabemos que para ser bem remunerado no streaming temos que ter milhões de plays ou views e não é o caso de quase ninguém, principalmente dos independentes. Entretanto, é bom marcar presença, pois é uma forma de alcançar novas audiências e no futuro passar a gerar uma renda recorrente para você. 

5 - Compor para outros artistas

Pegando o gancho da renda recorrente, vale falar sobre compor música para outros artistas, não para você abrir mão do seu direito autoral, pois a longo prazo isso nunca compensa, sem contar que na verdade o que você venderia seria o direito patrimonial, não caia em nenhuma furada, se informe melhor antes de fazer uma negociação que pode mudar a sua vida. Além de poder ser remunerado pela venda da música, cada vez que ela for reproduzida você também estará ganhando a sua parte, ou seja, a melhor forma de renda passiva para quem quer viver de música.

Espero ter contribuído de alguma forma com a sua caminhada rumo ao objetivo de viver de música. Se você quiser mais algumas dicas de como monetizar e profissionalizar a sua carreira, acesse o link: https://hotm.art/ASe6uzn e adquira o meu e-book "Rota Independente - Guia rápido para ajudar no direcionamento da carreira do músico independente".


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